A reformulação dos PPC’s: precarização do ensino, sobrecarga de trabalho e picaretização da extensão 

Setembro de 2022


Em meio ao retorno presencial das aulas, uma avalanche tomou conta dos câmpus: a reformulação concomitante de TODOS os cursos do IFSP, num prazo curtíssimo.

 

Feito às pressas, com demandas malucas e  excesso de burocracia, todos percebemos que este é um processo que sobrecarregou os servidores em sua elaboração, precarizará o ensino em sua implementação e irá transformar a extensão em algo enjaulado,  numa atividade picareta em grande parte dos casos. Tudo isso em meio a cortes de recursos e sem poder contar com novos servidores para sua implementação.

Alguns pontos deste processo merecem atenção

 

-       Os cursos superiores precisam ter 10% de créditos em extensão, como forma de atender ao Plano Nacional de Educação, de 2015. Todos os cursos superiores do Brasil terão que iniciar 2023 com essa nova carga horária. Cabe destacar que os 7% do PIB para a educação até 2020, previsto também no PNE, está longe de ser concretizado.

-       A inserção da carga horária de extensão na grade curricular, que modifica profundamente a dinâmica dos cursos superiores, vem acompanhada de corte recursos financeiros, de 0 novos profissionais e de 0 processos de formação para os servidores para atender tal demanda.

-       A carga horária dos cursos não aumentou, ou seja, disciplinas importantes para os cursos deverão sair para entrar os projetos de extensão.


-       A proposta de curricularizar a extensão, lá nos idos de 2015 antes do golpe, tinha como objetivo aproximar a formação universitária da comunidade. No governo Bolsonaro não sabemos ao certo o que isso significa. Nosso ponto é que sua implementação está sendo feito sem a devida preparação e discussão nos campis.

-       Sem uma adaptação da rede federal como um todo - incluindo o SUAP - haverá um aumento exponencial do trabalho dos professores que terão que, sozinhos,  lidar com toda a burocracia da extensão e também do ensino, além de desenvolver os projetos (o que não acontecia nas atividades de ensino), avaliar os alunos (o que não acontecia nas atividades de extensão) e preparar toda uma nova infra-estrutura para fornecer este proposta.

-       É também necessário ampliar e fortalecer o setor de extensão dos campis e da reitoria para que consigam lidar com as novas demandas. 

-        Dedicou-se muito tempo para a discussão dos currículos de referência no passado e agora os PPC’s nos campis estão sendo feitos a toque de caixa, e sob pressão da reitoria sob coordenadores.

-       Os currículos de referência, em muitos casos, não dialogam com a realidade dos campus e viraram uma amarra para os PPC’s. Os conhecimentos essenciais são impossíveis de serem implementados com qualidade no tempo dos cursos e em alguns casos, são completamente inalcançáveis e em outros são extremamente superficiais.

-       A reformulação dos PPC’s está ocorrendo sem poder contar com novos servidores. Deste modo, estão utilizando a mudança nos currículos para solucionar problemas de falta de professores e de sobrecarga de trabalho, retirando ou agrupando disciplinas por exemplo.

-       A reformulação está ocorrendo em meio a todas as atividades normais do campus, sobrecarregando coordenadores, membros da CEIC (que só podem contabilizar 1 hora de atividade por comissão no PIT) e servidores ligados ao ensino e à extensão.

-       Não se sabe como será na prática a alteração de tantos cursos de forma concomitante. Professores seguindo diferentes currículos ao mesmo tempo, administrativos lidando com matrículas de alunos em cursos que já não existem mais…enfim: o caos!

 

Deste modo, este processo tem sobrecarregado a todos e levará a ainda mais intensificação do trabalho, burocracia e quem sabe até milagre faremos. O trabalho tem sido hercúleo! É necessário cobrar prazo, formação, novos servidores e verba para que essas transformações se viabilizem!